Voo Livre e uso e abuso de SPA’s

04 de julho de 2023 - Por Gilberto Cardoso

Costumo dizer que o Voo Livre é um esporte visceral e por isso mobiliza do praticante toda a capacidade de existir da melhor maneira possível. Não há lugar para erros graves e na proporção que o piloto avança no esporte, cada vez mais os erros devem ser extintos.

Um dos grandes vilões dos erros no voo livre são os níveis de ansiedade alterado, mobilizando o atleta e o conduzindo a tomada de decisões muitas vezes catastróficas. Porém, é preciso pensar que a relação que o indivíduo estabelece com o voo, também estabelece na vida, guardando suas devidas proporções. Seja como for, voar é um ato de superação por natureza.

Entretanto, não é incomum ver ou saber de pilotos que trocam o trabalho com autoconhecimento e melhoramento pelo uso de substâncias psicoativas para conter os níveis alterados de ansiedade antes de um voo. Seja em um final de semana de lazer, seja num campeonato.

Voo e substâncias

O uso de substâncias inibidoras e perturbadoras do sistema nervoso central, como a maconha e o álcool, no voo livre representa riscos significativos à segurança do atleta e de outras pessoas envolvidas na atividade. Tanto a maconha quanto o álcool têm efeitos que podem comprometer o desempenho, a coordenação motora, a tomada de decisões e a percepção sensorial necessárias para a prática segura do voo livre.

A maconha contém o THC (tetra-hidrocanabinol), substância psicoativa que afeta o funcionamento do cérebro. Seus efeitos incluem diminuição da coordenação motora, alteração da percepção de tempo e espaço, redução da capacidade de concentração e prejuízo das habilidades cognitivas. Esses efeitos podem aumentar significativamente o risco de acidentes durante o voo livre, tornando as manobras mais difíceis de serem realizadas com precisão e segurança.

Além disso, a maconha contém outras substâncias químicas que têm efeitos psicoativos e afetam o funcionamento do cérebro. Ao ser consumida, a droga pode causar uma série de efeitos adversos com potencial de prejudicar o desempenho do atleta, tais como:

  • Diminuição da coordenação motora: A maconha pode afetar a coordenação motora fina e grossa, dificultando o controle preciso das manobras durante o voo livre.
  • Redução da capacidade de concentração: O uso da maconha pode comprometer a capacidade de concentração, prejudicando a atenção necessária para reagir rapidamente a mudanças de condições climáticas, obstáculos e outros pilotos.
  • Alteração da percepção de tempo e espaço: A maconha pode distorcer a percepção de tempo e espaço, o que é particularmente perigoso durante o voo livre, onde a noção precisa desses elementos é fundamental para tomar decisões seguras.
  • Prejuízo das habilidades cognitivas: A maconha pode afetar a memória, o raciocínio lógico e a capacidade de tomar decisões complexas. Essas habilidades são essenciais para avaliar riscos, planejar trajetórias e tomar decisões estratégicas durante o voo.

Álcool

O álcool, por sua vez, é uma substância depressora do sistema nervoso central. Seus efeitos incluem diminuição da coordenação motora, redução da capacidade de reação, alteração do julgamento e da tomada de decisões, além de prejudicar a capacidade de concentração e atenção. Esses efeitos comprometem diretamente as habilidades necessárias para pilotar uma asa ou parapente de forma segura.

Ambas as substâncias podem levar a uma diminuição da percepção de riscos e aumentar a propensão a comportamentos imprudentes ou arriscados durante o voo. A coordenação motora prejudicada e as habilidades cognitivas comprometidas tornam mais difícil para o piloto reagir a situações inesperadas, mudanças climáticas ou tomar decisões rápidas e precisas para garantir a segurança pessoal e dos outros envolvidos.

É importante ressaltar que a combinação dessas substâncias com o voo livre é particularmente perigosa, pois os efeitos podem ser potencializados. Ademais, tanto a maconha quanto o álcool podem afetar a capacidade de julgamento do piloto, levando a escolhas imprudentes, aumento de comportamentos de risco e diminuição da consciência situacional.

Portanto, é fundamental que os atletas de voo livre evitem o uso dessas substâncias antes ou durante a prática do esporte, priorizando sempre a própria segurança e de todos ao redor. Manter um estilo de vida saudável, livre de substâncias que possam comprometer o desempenho e a segurança, é fundamental para garantir uma experiência segura e satisfatória no voo livre.

E então piloto, você voa com consciência ou liga o piloto SPA’S?

PILOTO
Gilberto Ribeiro Cardoso
Psicólogo CRP 12/19558
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