Rampas do Brasil: Pedra Bonita, vitrine mundial do esporte no Rio

A Rampa da Pedra Bonita é a mais famosa do país. Conheça sua história e importância

02 de fevereiro de 2023 - Por Guilherme Augusto

Você já deve ter visto a série Rampas do Brasil nas nossas redes sociais. Ela nasceu para divulgar sítios de voo país afora, passando de grandes conhecidos como Governador Valadares (MG) até espaços praticamente inexplorados ou recém-abertos, como Porto Nacional (TO). Mas, propositalmente, deixamos um lugar em off.

A rampa da Pedra Bonita, no Rio de Janeiro, ficou guardada para uma ocasião especial. E a hora chegou. A vitrine mundial do voo livre brasileiro é a nossa escolhida para celebrar a 100ª publicação da Série! 

Rio de Janeiro, berço do voo livre brasileiro

Por um segundo deixe de lado todos os títulos, recordes e façanhas do Brasil e seus pilotos no voo livre. Vamos voltar ao início, mostrar como tudo começou - e por onde.

O primeiro voo rolou em 1974, pelas mãos do ousado francês Stephan Dunoyer de Segonzac. Acompanhando o boom global da asa delta, ele queria mostrar aos brasileiros o potencial do esporte e, ao mundo, as belezas daqui. Então decolou do Corcovado, aos pés do Cristo, sobrevoou a Cidade Maravilhosa e pousou no Jockey Clube da Gávea. O voo deixou a cidade em êxtase - e a aventura foi televisionada, inclusive.

Quis o destino que Luiz Cláudio Mattos tivesse aulas com Stephan e, ainda em 1974, se tornasse o primeiro brasileiro a voar de asa delta. Sequer usando capacete e vestindo equipamentos novos, o carioca decolou da Pedra da Agulhinha, também no Rio. Mas este não foi seu maior feito.

O legado de Luiz foi o incentivo ao esporte. Ele ensinou técnicas a outros interessados (que logo se tornariam pilotos), organizou o primeiro campeonato do país e fundou a Associação Brasileira de Voo Livre - ABVL.

Também construiu rampas que logo se mostraram grandes sucessos, em cidades como Niterói (RJ) e Sapiranga (RS). Ainda, montou uma fábrica de asas no Rio, a Astral, cujo primeiro equipamento está exposto no Museu Aeroespacial.

Surge a rampa da Pedra Bonita

O cenário do voo livre era efervescente e crescia em ritmo vertiginoso, atraindo praticantes de outros esportes (especialmente surfistas), jovens, curiosos e até celebridades. Mas faltava um lugar adequado para decolar.

A Pedra da Agulhinha não era a melhor opção, pois tinha acesso delicado. Próxima, a Rampa das Margaridas tinha potencial, mas acabou não vingando. Foi então que surgiu a Rampa da Pedra Bonita, mais alta, segura e com bom vento de frente, facilitando decolagens. Seu acesso foi criado para chegar numa casa em construção desenhada pelo arquiteto Sérgio Bernardes, amigo de Luiz Cláudio (de novo ele). A obra acabou embargada e o novo lar do voo livre no Rio de Janeiro, estabelecido.

Patrimônio do Rio e do Voo Livre

Recebendo centenas de decolagens todos os dias, a Rampa da Pedra Bonita é uma das mais movimentadas do mundo. Também, palco de voos comerciais, competições e ações promocionais do voo livre - em níveis nacional e mundial.

Diante de sua importância, foi tombada definitivamente pela Prefeitura do Rio de Janeiro ainda em 1994, reconhecendo sua relevância ao turismo, economia e divulgação da cidade. Veja essa história contada por Flávia Castro Neves, filha de Luiz Cláudio, neste vídeo.

  • Conheça os detalhes sobre o sítio de voo aqui.
  • Contribuiu com informações: Carlos Srour, coordenador de marketing do Clube São Conrado de Voo Livre.

Fotos: Mauricio Grumari

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