Marca histórica em Montes Claros! Lúcio e Claudinho cravam 439km e quebram múltiplos recordes no céu de Minas Gerais

04 de setembro de 2025 - Por Lucas Axelrud

No dia 2 de setembro de 2025, os céus do norte de Minas Gerais e do centro-oeste goiano testemunharam um feito inédito e espetacular: os pilotos Lúcio Parrela, de Montes Claros, e Claudinho Matos, do Rio de Janeiro, realizaram um voo de 439km de distância livre, com duração de 8h51min e média de 56km/h. Um dia que entra para a história com três recordes quebrados em um único voo:

  • Recorde da Rampa Rico Brito, em Montes Claros (anterior: 353km)

  • Recorde Mineiro de distância livre (anterior: 383km)

  • Primeiro voo acima de 400km no Brasil fora do sertão – uma conquista sem precedentes

Tudo isso foi construído de forma conectada, estratégica e em dupla, mostrando que o voo livre também é sobre união, planejamento e leitura refinada das condições.

Um encontro de timing perfeito e paixão pelo voo

Claudinho, que estava no Rio de Janeiro na véspera do voo, conta que foi quase por instinto. “Eu caí de paraquedas nesse voo. Estava de bobeira no Rio, conversando com o Grumari, e ele me perguntou: ‘Tu viu a previsão pra Montes Claros essa semana?’ Quando bati o olho e vi que terça (dia 2) estava épica, comprei a passagem na hora. Liguei pro Lúcio e pro Daniel pedindo pra guardarem esse dia pra voar comigo. E assim foi.”

No dia anterior, os pilotos se reuniram e fizeram um briefing completo, inclusive discutindo um possível desvio da rota mais leste para evitar o espaço aéreo de Brasília. A missão já estava clara: “Vamos tentar os 400.”

Decolagem tensa, mas com final estratosférico

A manhã do dia 2 começou com vento forte e teto baixo. “A condição de saída estava muito agressiva, a gente segurou um pouco por conta do risco”, explicou Lúcio. Mas assim que abriu uma janela mais segura, a galera começou a colocar os parapentes no ar.

“Na primeira térmica, só eu e o Lúcio conseguimos conectar bem. O Grumari e o Daniel ficaram mais baixos e, com a deriva forte do vento, tivemos que sair”, relembra Claudinho. O começo foi puxado, mas logo o céu desenhou um caminho cinematográfico.

“Depois que a gente colou na base, o voo virou outro. Pegamos várias cloud streets pequenas que impulsionaram nossa média de velocidade. A condição ficou de outro planeta”, comemora Claudinho. Já Lúcio destaca a sequência crescente da condição térmica até o km 300: “Depois entrou uma camada de cirrus que deu uma sombreada na rota e exigiu mais leitura, mas a gente já tinha o objetivo claro: quebrar um recorde de cada vez.”

Estratégia: foco total na consistência

Nada de arriscar tudo tentando ir longe demais. Os dois fizeram um voo técnico e inteligente. “A gente sabia que dava pra buscar voos de 500, mas preferimos fazer um recorde de cada vez. Primeiro batemos o recorde da rampa, depois o mineiro, e só então buscamos o 400. Foi uma progressão que fez total sentido”, explica Claudinho.

Esse planejamento incluiu até mesmo a preocupação com a TMA de Brasília. Lúcio detalha: “Foi um dos pontos do nosso briefing. Estávamos atentos a isso e ajustamos a rota. Derivamos um pouco para o través para respeitar os limites e seguir dentro da legalidade. Tudo feito com muito critério.”

Um voo a dois até o final

O voo foi praticamente inteiro realizado juntos. “A gente voou do início ao fim colado. Não era aquele voo jocoso, de racing, era de colaboração e constância. O Claudinho tava com vela XL, subia melhor no final, mas a gente tinha combinado pousar junto. E foi o que fizemos”, contou Lúcio.

“Foi emocionante demais”, completa Claudinho. “O final do voo foi boiando, com o dia enfraquecendo, mas já com a certeza que havíamos escrito um capítulo importante na história do voo livre brasileiro.”

Montes Claros: a nova promessa do cross country nacional?

Esse voo reforça algo que muitos pilotos já sabem: Montes Claros tem vocação para grandes distâncias. Com uma combinação única de relevo, ventos constantes e céu limpo, MOC atrai cada vez mais pilotos em busca de recordes pessoais e voos desafiadores.

Lúcio, que há anos mapeia as rotas locais, já previa que esse dia ia chegar. “A gente monitora as variáveis — chuva no litoral baiano, alta pressão no Atlântico, fluxo de vento pro continente — e quando bate tudo junto, é surreal. Essa condição do dia 2 mostrou que estamos subestimando o potencial de MOC. Dá pra sonhar mais longe, sim.”

Claudinho resume com entusiasmo: “Esse voo é um recado pro Brasil inteiro, pro mundo. Montes Claros é o sertão mineiro. Quem quiser se preparar pro sertão ou quiser bater recorde pessoal, é só colar em MOC.”


Os números que fizeram história:

  • Local de decolagem: Rampa Rico Brito – Montes Claros (MG)

  • Pouso: Goiás

  • Distância livre: 439 km

  • Duração: 8h51min

  • Velocidade média: 56 km/h

  • Recordes quebrados:

    • Recorde da Rampa de Montes Claros (anterior: 353 km)

    • Recorde mineiro (anterior: 383 km)

    • Primeiro voo de 400km fora do sertão brasileiro


Uma nova história está sendo escrita nos céus do Brasil

Esse voo é mais do que números. É sobre parceria, planejamento, leitura de céu e visão de futuro. Uma inspiração para quem sonha alto, para quem acredita no potencial do voo livre brasileiro e, principalmente, para quem quer voar longe, voar junto e voar com propósito.

Que essa conquista sirva como impulso para novos recordes, novos encontros e novas rotas nos céus do Brasil.

Mais Notícias

Parceiros