Fala, campeão! Entrevistas com os vencedores do Brasileiro de Parapente 2022

Gilmar Couto, Lucilei Dal Pozzo e Marcella Uchoa comentam seus novos títulos nacionais

04 de outubro de 2022 - Por Guilherme Augusto

O resultado final do Brasileiro de Parapente 2022 coroou o talento, mas sobretudo a perseverança. Afinal, enfim Gilmar Couto levou o título nacional, depois de bater na trave (com três terceiros lugares) e de faturar três etapas individuais.

A vitória veio durante a segunda etapa do Campeonato, disputada em Santo Antônio da Alegria, de 10 a 17 de setembro. Foi a primeira vez que a cidade - e a rampa da Ilha do Ar - receberam a competição.

E também foi a primeira vez que Lucilei Dal Pozzo obteve um título Brasileiro, na categoria Aspirante. Já na Feminino tivemos o tetracampeonato de Marcella Uchoa, que ainda faturou um belo P4 na Open.

Gilmarzinho

- Bom, depois de bater na trave algumas vezes, enfim veio o grito de ‘é campeão!’. Diz aí, qual é a sensação de ser Campeão Brasileiro?

Ah, é tudo de bom, né? Eu fiz 6 campeonatos inteiros, terminando três deles em terceiro. Também venci três etapas individuais, uma em Castelo e duas em Valadares. Faltava pouco e agora o título tão esperado veio. Foi um momento de sentimentos muito fortes, cheguei a me emocionar em voo.

- O clima acabou não ajudando muito. Como foram os voos na Ilha?

Realmente, acabamos tendo poucas provas válidas, o que foi uma pena já que é uma região ótima de voar. Além disso, eu, particularmente, não gosto muito da rampa que usamos para as decolagens do Brasileiro. Mas ainda assim tivemos bons dias de voo, mas então o número reduzido de provas diminuiu as margens e acabou sendo o campeonato de quem errou menos.

 

- E agora, é só comemorar?

Não, a cabeça já está na Super Final do PWC, que vai ser em dezembro. Já voei na Europa, na Argentina, em muitos lugares do Brasil, mas esta vai ser minha primeira vez no México e estou animado. E também venho numa boa fase, com o 17º lugar no Mundial da Argentina e agora o título Brasileiro. Acredito que vai ser muito legal voar lá e uma preparação ao Mundial de 2023, na França.

Marcella

- Uau, tetracampeã! E aí, feliz com este resultado?

Demais! Muito pelo tetra, mas ainda mais pelo quarto lugar na geral. Sabe, acho que este resultado mostra que nós mulheres podemos chegar lá, podemos voar de igual para igual com os homens e buscar conquistas cada vez maiores.

- Então está plenamente satisfeita com seu desempenho?

Muito, mas nem tudo é perfeito. Desta vez cometi alguns erros relevantes, que custaram pontos importantes, mas entendo que estou num processo de crescimento e tudo é aprendizado. Além disso, o nível do Brasileiro vem subindo muito e as disputas estão cada vez mais acirradas, assim vence quem erra menos.

- Diz aí, como foi voar na Ilha do Ar?

Nossa, foi super legal. O tempo não ajudou muito, já que tivemos só três provas válidas, mas a experiência super valeu a pena. A região é linda e tem um potencial de voo enorme, com teto alto, térmicas acima dos 7 m/s constantes e provas com mais de 100 km. E também teve o modo como a cidade abraçou o evento. Eles montaram uma estrutura legal, uma boa praça de alimentação, estavam engajados em oferecer o seu melhor a um esporte que ainda está se consolidando lá. Para mim, levar o Brasileiro para novas cidades qualifica ainda mais a competição.

- O Brasileiro acabou, mas ainda tem muito calendário pela frente. Quais os próximos planos?

Ah, o Sertão, né? Em outubro estarei lá para tentar mais um recorde e depois já vou para a Super Final do PWC, no México. E ano que vem tem o Mundial, onde já tô classificada. Na verdade já estou ansiosa, também! Agora é treinar bastante para buscar os melhores resultados.

Lucilei

- Lúcio, você é uma figurinha conhecida do voo gaúcho e, também, do esporte em nível nacional. E vinha perseguindo o título há um tempo, certo?

Sim! Há vários anos tentava e batia na trave. Fui segundo em duas ocasiões, inclusive. Por isso desta vez eu fiz uma estratégia diferente, treinei mais, voei em novos lugares e investi em novos equipamentos. Felizmente, o resultado tão esperado veio.

- Então, como é conquistar o primeiro título Brasileiro?

Nossa, é uma emoção enorme. Ainda mais que o título veio só nos instantes finais. No último dia o Ricardinho (com quem disputava o título) me procurou assim que eu pousei e disse que eu tinha vencido, especialmente pelo descarte de pontos. De repente um monte de gente apareceu e começou a me dar os parabéns, abraçar, fazer torcida. Foi um sentimento muito bom, muito gratificante. Além disso, senti que estou inspirando outras pessoas dentro do esporte, o que é ainda mais importante que qualquer vitória.

- E ano que vem vai ser a hora de buscar o bi?

Acredito que sim. Eu quero voar na Open, mas estou esperando o lançamento de alguns equipamentos que devem rolar ao longo de 2023, então devo ficar na Aspirante mais um ano. E também tenho outras competições rolando, como o Sul-Brasileiro - onde estou em segundo - e o Gaúcho.

- Para fechar: os agradecimentos, vão para quem?

Primeiramente ao pessoal de Santo Antônio, que montaram uma estrutura bem legal e se empenharam muito no evento. O próprio prefeito tava quase todos os dias na rampa, inclusive. Também ao apoio do Governo do RS, à vinícola Família Geisse, à minha família, aos amigos, a todos que torceram. Um obrigado especial ao Flavinho, que me incentivou a competir lá atrás, e ao Luciano Horn, um grande piloto que me inspira e apoia muito.

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